Silvana da Silva Sotero é pernambucana do Recife, e é pouco mais velha do que meu primeiro filho. Trabalha na praia desde jovem, a convite da mulher que, pouco tempo depois, se tornaria sua sogra. Desde que me mudei para o Recife, há 22 anos, frequento esse posto na praia.
Ela e Alex, o companheiro, assumiram a barraca quando a mãe dele se aposentou. Eles já tinham um menino, além do filho que Silvana trouxe de relação anterior. Outros três viriam na sequência, um menino e duas meninas.
Há dois anos e meio, Alex morreu de enfarto. E ela ficou com as quatro crias menores de idade, o mais velho com 17 anos, e a responsabilidade de tocar o negócio sozinha. Com todas as dificuldades que isso possa significar.
Levou bom tempo para se recompor da perda e dar-se conta de sua nova condição de mãe-pai, e única responsável por seu negócio. Antes, o pesado era, bem ou mal, dividido.
Por muito tempo as cadeiras mantiveram a impressão "Silvana & Alex". Agora, quase três anos passados na viuvez, as coisas começam a tomar rumo, a barraca que andou meio decadente vinha sendo, aos poucos, revigorada.
Comprou cadeiras novas, em etapas, pois a maioria das antigas estavam quebradas, sem condições de reforma. Ainda não terminou de pagar todas.
Pois as 30 cadeiras recém-adquiridas foram roubadas na madrugada do último 17 de junho. O ladrão entrou no depósito, a três quadras da praia, e levou a carroça. Por sorte, os guarda-sóis escaparam e uma meia dúzia de cadeiras velhas.
Silvana prestou queixa na Delegacia de Boa Viagem. Buscou imagens na farmácia próxima (fotos) e as entregou a polícia. Mas enquanto não se resolve o caso, precisa ganhar a vida para alimentar suas crias, pagar seus fornecedores e ajudantes.
A praia é seu único ganha-pão, e sem cadeiras é impossível trabalhar. Há uma semana tem contado com a solidariedade de barraqueiros, que emprestam algumas unidades; afinal, está na praia há mais de 20 anos. Mas é arranjo provisório.
Daí que Euzinha, Sulamita Esteliam, jornalista, escritora e blogueira, há mais de duas décadas frequentadora da Barraca da Silva, e vi quatros dos seus cinco filhos nascerem, tive a ideia da vaquinha on line. Até gostaria, mas não tenho como tirar do meu bolso a ajuda de que ela necessita.
O dinheiro é para repor as cadeiras roubadas e pagar os primeiros meses de aluguel de um local seguro para guardar seus equipamentos. O depósito de que ela se servia provisoriamente revelou-se uma armadilha.
Assim como outros barraqueiros da Praia de Boa Viagem, teve que valer-se do local, provisoriamente, depois que o Edifício Holliday, onde ela alugava espaço para guardar os equipamentos da barraca, foi interditado judicialmente.
Jogaram ao léu todos os comerciantes, moradores e quem, como Silvana, alugava quitinetes no lugar para guardar seu material de trabalho. Cerca de 5 mil pessoas nessa condição, o equivalente a uma cidade. Com a conivência das autoridades locais.
Conto com você nesta tarefa fraterna.
Grata.