Sobre o estudo Neosamba
A cada ano novos casos de câncer são registrados no Brasil. O último levantamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontou que, até dezembro, 600 mil pessoas serão diagnosticadas com a doença. Como reverter esse quadro? A aposta de especialistas da área está na pesquisa clínica devido a possível ampliação do acesso a novas terapias, melhora na qualidade de vida e no aumento da sobrevida dos pacientes. Pensando nisso, médicos e sociedade civil têm se unido para incentivar a produção de novos estudos no Brasil.
Um dos frutos dessa união é a parceria entre o Projeto Cura e 12 centros oncológicos, distribuídos em 8 estados brasileiros. Todos estão em busca de incentivo para dar início a fase III do ensaio Neosamba, que estuda uma forma de impedir que o câncer de mama tipo HER2-negativo volte.
Durante a edição de 2018 da ASCO, congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, o médico José Bines esteve presente para falar sobre a conclusão da fase II do Neosamba. Conduzido pelo INCA, o ensaio investigou 118 pacientes com a proposta de avaliar se a mudança na ordem dos medicamentos da classe das antraciclinas e taxano (alguns dos medicamentos mais comuns utilizados para a quimioterapia) faria diferença na sobrevida das mulheres. Ficou sugerido que tratá-las primeiro com taxano e depois com antraciclinas, e não o contrário, como era o padrão anterior, poderia trazer mais ganhos significativos de sobrevida livre de progressão e, principalmente, de sobrevida global.
O estudo caminha para a fase III, quando se amplia o número de pessoas investigadas por um período maior de tempo. Entretanto, faltam recursos para o início desse processo, que o oncologista José Bines define como “estudo científico confirmatório”.
“Os resultados desta análise podem redefinir o melhor tratamento de quimioterapia neoadjuvante (realizada antes da cirurgia) para mulheres com câncer de mama localmente avançado. A conclusão pode ter impacto global imediato no cuidado de mulheres com câncer de mama. Segundo previsão do INCA, até o fim de 2019 poderão ocorrer 60 mil novos casos da doença”, explica o especialista.
“Trata-se de uma pesquisa 100% brasileira e 100% realizada com pacientes do SUS. Não há nenhuma relação com a indústria farmacêutica. Todas as etapas de desenho e condução do estudo são realizadas pelos próprios investigadores, e agora com o Projeto Cura, que tem nos ajudado a angariar fundos para a finalização da fase III”, finaliza José Bines.
Apresentação do estudo clínico:
• Ensaio clínico randomizado de fase III avaliando o sequenciamento de antracíclicos e taxanos em terapia neoadjuvante de câncer de mama HER2-negativo localmente avançado
• Investigador principal: Dr. José Bines
• Coordenação e gerenciamento: LACOG
• Delineamento: Ensaio clínico randomizado de fase III
Centros envolvidos na pesquisa
• INCA - Rio de Janeiro/RJ
• Hospital de Clínicas - Porto Alegre/RS
• Hospital São Lucas da PUCRS - Porto Alegre/RS
• CEPON - Florianópolis/SC
• Hospital do Amor - Barretos/SP
• ICESP - São Paulo/SP
• IBCC São Paulo SP Lilian Bastos
• Hospital Araújo Jorge - Goiânia/GO
• Grupo AMO - Salvador/BA
• HINJA - Volta Redonda/RJ
• ICT - Curitiba/PR
• Liga Norte Riograndense contra o Câncer - Natal/RN
Sobre o Projeto Cura:
O Projeto Cura nasceu para ser uma peça transformadora dentro da sociedade. Seu principal objetivo é angariar fundos em prol da pesquisa clínica contra o câncer no Brasil. Para isso, o Cura busca unir ciência e criatividade como suas principais ferramentas de conscientização para a importância dessa causa.
A iniciativa tem ligação com a Latin American Cooperative Oncology Group, a LACOG, organização sem fins lucrativos que tem como objetivo desenvolver, conduzir e coordenar estudos acadêmicos e pesquisas clínicas na América Latina. Hoje, o Projeto Cura atua, através do financiamento de pesquisas no Brasil e demais países da América Latina e Caribe.
Saiba mais: projetocura.org